Ex-top 50, Teliana Pereira anuncia aposentadoria das quadras
Ex-top 50, Teliana Pereira anuncia aposentadoria das quadras 28 Set 2020

Florianópolis (SC) – O momento de pendurar a raquete chegou para Teliana Pereira. Aos 32 anos, a alagoana que adotou Curitiba como casa anunciou nesta segunda-feira o adeus às quadras como atleta profissional. Mas a relação entre o esporte e a tenista está longe de um fim. A ex-número 43 do ranking mundial, campeã de dois torneios de WTA, sabe que o futuro está atrelado ao esporte que lhe deu tudo.

Um das principais conquistas da ex-atleta não é um destes troféus para deixar na prateleira e servir de lembrança. Essa conquista está ligada à memória, ao sentimento, ao prazer de jogar com a torcida brasileira do lado, com a família pertinho, e ser campeã. Em 2015, ela foi vencedora do WTA de Florianópolis, em um dos momentos que descreve como "um dos dias mais especiais da minha vida". O feito colocou um ponto-final no jejum de 28 anos sem que uma brasileira vencesse um torneio WTA no país

O WTA de Florianópolis foi o segundo na carreira de Teliana, que antes, no mesmo ano, havia faturado o título do WTA de Bogotá. Essas conquistas conduziram a brasileira ao posto de número 43 no ranking mundial. Também foi a representante brasileira nos Jogos Olímpicos Rio-2016. 

Todas essas conquistas vão deixar saudades em Teliana, que já começa a traçar os planos para o futuro. Espera continuar ligada ao tênis, seja repassando sua experiência para atletas mais jovens, comentando partidas na televisão ou em outras oportunidade que a vida colocar na sua frente.

"A Teliana é a tradução e a síntese do que há de melhor no esporte. Foi nosso privilégio tê-la como um ícone na nossa modalidade. Uma das maiores tenistas da nossa história encerra um ciclo vitorioso no tênis, mas tenho a certeza de que seguirá vitoriosa nos próximos desafios profissionais e na vida. Tive a alegria de dirigir o WTA - Brasil Tennis Cup, onde ela sagrou-se campeã em 2015. Torcemos para que ela siga no tênis, e, no que depender de nós, o tênis seguirá com ela", destaca Rafael Westrupp, presidente da Confederação Brasileira de Tênis.

O adeus de Teliana não tem um pingo de tristeza dentro dele, apenas felicidade. "Sou muito grata ao tênis, muito grata a todas as pessoas que estiveram e ainda estão ao meu lado. Só tenho coisas boas pra lembrar", afirma a brasileira. 

ENTREVISTA

Por que decidiu anunciar essa decisão agora?
É uma decisão que não foi tomada agora. Quando um atleta decide mudar o rumo, a aposentadoria é um processo. Venho processando essa informação, analisando a minha vontade, e chegou o dia em que temos que anunciar. Fui amadurecendo essa ideia e percebendo que eu precisava fazer outra coisa, encerrar esse ciclo na minha vida. O tênis foi a melhor coisa que já me aconteceu, mas, como atleta, a gente sabe que um dia nossa carreira encerra. Ultimamente, a rotina já vinha pesando bastante, já não tinha a mesma força, então decidi que era melhor partir para uma nova experiência.

E você já sabe quais são os próximos planos?
Ainda não, mas sei que quero continuar no meio do tênis, pois sinto que tenho muito para contribuir. Passei por todos os níveis de torneios, vivi muitas coisas. Então, tenho muita experiência para passar, principalmente para os mais novos. Quero e espero poder ajudar. Mas também tenho outros planos. Sempre deixei muito claro que gosto de televisão, cheguei a comentar o US Open e o Australian Open, quem sabe não seja por aí o caminho? Por enquanto, não tenho nada definido, mas sei que quero ficar no meio do esporte. Vou descobrindo no decorrer dos próximos dias.

De que você mais vai sentir saudade da vida de uma atleta profissional?
Às vezes eu penso sobre isso. Tenho assistido bastante torneios desde que o circuito voltou e fico pensando em todo o ambiente de ir lá, se preparar, competir. Isso certamente vai fazer falta. Sempre falo com o Renato, meu irmão, que nossa parte favorita de tudo era sentir no fim do dia, tomar um café e falar sobre os torneios e a vida em geral. Vou sentir saudades desse cafezinho no final do dia. Mas o tênis me proporcionou conhecer vários lugares, várias pessoas e isso é muito engrandecedor. Por enquanto não estou sentindo falta de nada, estou bem tranquila. Eu sentia muita falta de ficar na minha casa, de poder viver mais com minha família, e tenho aproveitado bastante isso.

Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
É uma pergunta que todo mundo faz, mas é difícil responder. Cada momento tem o seu gosto especial. As primeiras memórias que surgem na cabeça são os WTAs de Bogotá e Florianópolis. Bogotá por ser meu primeiro título de maior expressão, mas Floripa também por ser em casa, com a família do lado. Antes de ter torneios assim, a gente não jogava no Brasil e estranhava muito quando tinha essa oportunidade. Fui criando um carinho muito grande por poder competir e ter as pessoas ao meu lado.

E esse título em Florianópolis. Qual foi o peso dessa conquista dentro de casa, com a família do lado?
Esse foi um momento muito especial. Estava todo mundo lá, torcendo por mim. E o mais legal foi toda a história que envolveu o torneio. Eu não vinha numa boa semana, voltei para o Brasil com dor no joelho. Tinha certeza que não iria conseguir jogar Floripa por causa do meu joelho, mas as coisas foram fluindo de maneira incrível. E claro, Floripa, a terra do Guga, que foi lá me assistir, deixa tudo muito mais especial. Antes da final eu estava meio doente, mas entra essa parte maravilhosa de saber que está todo mundo lá, todo mundo torcendo. Tirei força de onde não tinha para dar o meu melhor. Com certeza, foi um dos dias mais especiais da minha vida.

É possível perceber que você está muito serena e tranquila com este momento...
Sim, eu estou muito feliz com minha decisão. Quando resolvi encerrar, em nenhum momento pensei em voltar atrás. Estou muito convicta e não tem como encerrar de outra maneira que não seja feliz. Sou muito grata ao tênis, muito grata a todas as pessoas que estiveram e ainda estão ao meu lado. Só tenho coisas boas pra lembrar. 

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